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Variedades

Forever 21 no Brasil: O barato que quer continuar barato

By 25/03/2014No Comments

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Finalmente uma das mais queridinhas marcas americanas chegou no Brasil para revolucionar o mercado de moda, a Forever 21. A marca veio para tremer a concorrência e fazer os executivos repensarem no modelo de negócios de toda categoria.

 

A expectativa  para a abertura das lojas no Brasil era tanta que não foi preciso nenhuma propaganda para que a inauguração contasse com longas filas e muitos gritinhos eufóricos. Dois são os principais motivos que devemos analisar para entender o êxtase causado pela marca: o acesso a uma marca que antes era restrita apenas a consumidores que viajavam para o exterior e os preços atuais colocados nas vitrines brasileiras. Tais preços variavam de regatas por R$8 a vestidos que variam de 20 a 120 reais, nada além dos 150 reais, preço mais caro cobrado nas lojas brasileiras.

 

As lojas de SP, no Shopping Morumbi, e RJ, no Village Mall, bateram todas as expectativas dos executivos da marca fast-fashion. As vendas nos dois primeiros dias da loja de SP foram o dobro do esperado. Apesar disso não rolou problema no estoque: “Foi trazida ao Brasil quantidade suficiente para atender a forte demanda”, segundo Kristen Strickler, relações públicas e gerente de mídias sociais da marca.

 

O alvoroço foi tanto que até o Wall Street Journal acompanhou a inauguração e fez entrevistas com consumidoras que ficaram até 7 horas na fila para conseguirem comprar somente uma peça de roupa.

 

A Forever 21 é muito conhecida pelos seus precinhos camaradas. Contudo, quando a marca anunciou que viria para o Brasil o maior questionamento que rolou foi a viabilidade de mantes esses preços, levando em conta as altas taxas de importação que o pais tem. Os varejistas, nos Estados Unidos, pagam cerca de 8% de impostos sobre produtos, já no Brasil, a taxa chega a 35%.

 

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Grandes lojas americanas que já se instalaram aqui, como GAP e Topshop, modificaram sua tabela de preços, tornando bem mais caro para o brasileiro comprar no seu próprio país. Por isso a Forever se destaca das outras marcas, que no exterior enquadram-se como populares, e por aqui acabam por adotar um posicionamento quase premium.

 

Por causa dessa mania estrangeira de transformar o barato em caro, muitas marcas brasileiras como C&A, Renner e Riachuelo, tem adotado parceria com estilistas para valorizar suas coleções.

 

O Estadão procurou especialistas em varejo para compreender melhor essa politica de preços. Segundo eles, a oferta de preços baixos foi uma estratégia de marketing para “fazer barulho” na estreia no Brasil, mas preveem reajustes. “Essa política de preços é uma estratégia de chegada, que será impossível manter”, disse o consultor em varejo Júlio Takano. “Ela deve se manter no fast fashion, mas seus preços devem convergir para o mesmo patamar das varejistas que já atuam aqui, como Renner, Marisa e C&A”, completou sócio-diretor da consultoria GS&BW, Luiz Alberto Marinho.

 

Já em nota a Forever 21 garantiu que oferecer “preço justo é um compromisso da marca em todos os mercados aonde chega” e que corta custos para isso. E diz mais: “Nós colocamos todos os custos e riscos na nossa conta, e prometemos manter nossos preços”, afirmou Kristen Strickler, a porta-voz da marca, em entrevista ao Exame na semana passada. A empresa não usa celebridades caras em suas campanhas e seus executivos voam de classe econômica, além de outros cortes feitos para garantir sua grande promessa.

 

De acordo com José Roberto Martins, consultor de varejo da Global Brands, “O consumidor brasileiro é muito infiel às marcas. Ele quer produtos de qualidade a preços justos, e irá migrar para qualquer loja que ofereça isso”.

 

​Como tudo que é novidade, é difícil prever quais serão os reais efeitos nesse novo player no mercado brasileiro de fast fashion. Já foram abertas duas lojas e o plano da empresa é abrir sete ate o final do ano. Um numero que não afeta as estatísticas mas que causa bastante rebuliço; e se seu projeto de expansão for tão agressivo quanto suas politicas de preço, as marcas nacionais precisarão rever alguns conceitos.

 

​Por enquanto, as consumidoras só tem o que comemorar. Mais lojas significam mais opções de roupas, estilos e pechinchas.

 

por Júlia Kalil