Consumidores exigem das marcas um posicionamento em relação às Leis Anti-Gays da Russia.
Os Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi, na Rússia, tiveram sua Cerimônia de Abertura, no dia 7 de fevereiro. Concomitantemente ao espetáculo, protestos contra a Lei Anti-gays russa, ocorreram em 19 outras cidades do mundo inteiro, entre elas Londres, Rio de Janeiro, Nova Iorque, São Petersburgo, Melbourne e Paris. A lei assinada por Vladimir Putin – e aprovada na câmara do Parlamento russo, por 436 votos a 0 – proíbe qualquer tipo de propaganda, declaração de opinião ou movimento de expressão gay, por parte de qualquer cidadão. Porém, além dos manifestantes inconformados, que exigem direitos de expressão para os homossexuais, desta vez, consumidores saem às ruas e exigem que as marcas patrocinadoras oficiais do evento posicionem-se a respeito.
Muito mais do que engajar-se em causas que lhe convém, agora marcas precisam tomar partido onde são chamadas. Em carta enviada aos CEOs das empresas McDonalds, Coca-cola, Samsung, Visa, Protecter & Gamble e General Eletric, ativistas de organizações internacionais, como ALL OUT e HUMAN RIGHTS WATCH, exigem que empresas posicionem-se frente às Leis Homofóbicas Russas. Considerando que é de grande importância os investimentos no país escolhido para sediar os Jogos Olímpicos, ativistas pedem que as questões sociais ganhem relevância.
Trecho da carta:
Sabemos que certamente lhe diz respeito, pois diz respeito profundamente todos nós, que desde que foi escolhido como o país sede dos Jogos Olímpicos de Inverno , o governo russo tem intensificado sua agressão contra os direitos humanos de sua lésbicas, gays, bissexuais e transexuais ( LGBT) cidadãos. […]
Ativistas e jornalistas que buscaram investigar e denunciar tais abusos de direitos humanos foram secretamente gravadas, perseguidos e deportados da Rússia. LGBT russos têm efetivamente sido empurrado para a margens da sociedade e agora são forçados a conviver com ameaças diárias à sua segurança em um país que está promovendo a homofobia e transfobia sancionada pelo Estado […]
A campanha que denuncia a violência aos homossexuais e pressiona as empresas a posicionarem-se repercute em cartazes nas ruas, vídeos e mensagens nas redes sociais do mundo inteiro, e cobra das marcas patrocinadoras oficiais do evento um pronunciamento.
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O papel social das empresas vai se tornando claro para os consumidores. O canal produtor-consumidor continua a se complexificar e agora o cliente exige que as marcas desçam do muro. Uma vez que estão envolvidas na realização de Megaeventos, que impactam diretamente as condições de vida, moradia e trabalho de milhões de pessoas no mundo inteiro, as empresas precisam assumir que possuem responsabilidades sociais. Acima das questões comerciais, a preocupação aumenta e a exigência do consumidor também.
Um estudo internacional chamado Retail Trend 2012, realizado pelo The Future Laboratory, relata o surgimento de um novo consumidor, mais preocupado com os impactos do seu consumo e com a sustentabilidade do consumo contemporâneo. “Os novos consumidores prestigiam as marcas com uma postura ética que unem valores do passado aos avanços digitais do futuro. De modo geral, autenticidade é a palavra que mais define essa demanda do consumidor”. Isso abre precedente para que os clientes, e a população em geral, questionem as empresas quanto a sua índole e seus impactos na sociedade. Patrocinar um evento num País que defende a homofobia pode custar quanto pra imagem de uma marca? Omissão não cabe mais no vocabulário das grandes empresas.
Enquanto isso, algumas empresas preferiram se posicionar sem nem serem cobradas.
O Google, ao mesmo tempo em que homenageava o início dos Jogos de Inverno, fez referência à bandeira do arco-íris, que é um ícone do movimento LGBT. Embaixo do Doodle, um trecho da Carta Olímpica contra a discriminação.
Nos EUA, a FIAT exibiu seu novo comercial durante a abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno. O filme mostra famílias, e inclui casais gays. O slogan da campanha é “#TheNew”.
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Grandes veículos de comunicação, como o The Huffington Post e o The Independent, alteraram as cores de suas logos, contra às Leis homofóbicas da Rússia.
A empresa de telecomunicações AT&T , parceira por anos do Comitê Olímpico dos Estados Unidos, declarou em seu site: “Estamos contra a lei russa anti-LGBT”, veja.
Post feito pelo colaborador Guilherme Berriel, estudante de Comunicação Social da UFF.