Como bem falamos um tempo atrás, várias empresas tem adotado, com o passar dos anos, identidades visuais para produtos e, até, para seus logotipos, cada vez mais “limpas”, com menos sombras e outras, digamos, distrações. Este conceito, conhecido como flat design, ou design plano, é uma das grandes promessas que busca sempre a essência da arte, de forma mais clara e objetiva que ela for possível.
Os anos se passaram e a tecnologia foi se tornando cada vez mais acessível à todos. Os designers, também com o passar dos anos, transmitiram a ideia de que o design que você veria através da tela do computador ou celular ou até da sua batedeira (?) devesse ser mais próximo da realidade, de coisas mais cotidianas e presentes desde mil novecentos e bolinha. Isto, por um lado, ajudou e muito na adoção de novas tecnologias e num compreendimento mais fácil de todo o sistema (É mais fácil você lembrar à sua avó sobre aquele aplicativo no iPad que lembra uma banca de jornal de madeira do que falar “Ah, é no Newsstand” para ela).
Os tietes do flat design afirmam que as interfaces gráficas de usuário (as chamadas GUIs) devem focar mais na funcionalidade, do que no estilo. Abandonar padrões definidos como “certos” pelos designers em geral como (muitas) sombras, chanfros, reflexos, texturas, gradientes (ou degradês, se preferirem) etc. em prol de uma interface totalmente mais simplória que empregue mais funções e seja mais fácil de usar, fugindo do padrão forma-e-função que se tornou predominante no design ao longo dos anos. Na Internet sempre tendeu-se a um flat design, com páginas muitas vezes “planas” e “limpas”, que transmitiam a ideia de clareza visual e dimensionamento “infinito”.
Na contra-mão desse movimento revolucionário (praticamente o #vemprarua do design contemporâneo) existe o skeumorfismo. Uma palavra difícil que significa utilizar elementos visuais de forma que representem outros. Dois bons exemplos estão logo ali embaixo, onde foi recriado toda a ideia de um botão que, ao ativado, ele acende e do quadro de cortiça no aplicativo do Evernote, para iTrecos.
Falando em iTrecos, a Apple foi uma grande propagadora do skeumorfismo, com adaptações cada vez mais detalhadas no sistema operacional móvel (para iPods, iPhones e iPads) e, em menor presença, no sistema para computadores, o Mac OS X.
Lembrando que essa tendência skeumorfista (isso se essa palavra existir) sempre foi presente na arquitetura ou design de outros produtos como, por exemplo, carros, eletrodomésticos etc., mas no design digital foi onde teve seu divisor de águas.
Skeumorfismo, também, ajudou e muito na popularização do computador. Em 1984, com o lançamento do Macintosh, o primeiro computador própriamente dito para o público em geral, a Apple apresentou o conceito de uma “área de trabalho”, que nada mais era do que o bisavô do skeumorfismo. Com pastas sendo literamente representada por pastas, menus sobrepondo as janelas, que lembravam janelas, e outros ítens de fácil associação, essa adequação do real para o digital facilitou a introdução do computador para um público diferente de cientistas ou acadêmicos de universidade.
Mas porquê, de uma hora para outra, os idealizadores de interfaces resolveram mudar completamente o que se tornou um “padrão”? Simples: Com a popularização da tecnologia as pessoas necessitaram cada vez menos dessas recriações para entender como funcionaria um sistema operacional; o aprender da informática se tornou mais orgânico, mais fácil. Aproveitando este gancho, os adeptos de designs mais simplistas (influenciados, até, ela estética de Le Corbusier) passaram a adotar padrões mais simples, alegando que todos os efeitos rebuscados atrapalhavam na experiência do usuário ao usar o programa. Em certo ponto o flat design nada mais é do que uma atualização da estética moderna presente, principalmente, na arquitetura.
E, bem, o que esperar do flat ou o que virá depois do flat?
O flat design (ou qualquer coisa que você possa considerar como algo simplista e clean) surgiu como uma renovação da estética “poluída” que se tornou o ambiente gráfico digital, seja ele o sistema do computador ou um website na internet. Mesmo ele se assimilando muito à conceitos antigos do design o flat chegou para revolucionar e mudar padrões antes considerado padrões.
Com a mudança drástica no design dos aplicativos do Google, tanto para celulares quanto para a Internet e, não menos importante, o Windows 8 que, de longe, parece vir de uma Microsoft do espaço, a estética plana e visualmente agradável ganhou o apoio de grandes “responsáveis” pela propagação e adoção de novas técnicas, costumes e jeitos… até porque seria bem mais fácil sua avó (a mesma do exemplo lá no começo deste post) a se acostumar com algo mais clean se tudo que ela usa adotar este mesmo conceito, visualmente mais fácil e praticamente mais útil.
Se você gostou e quer conhecer mais sobre flat design…
flatuicolors.com – Site com cores bastante usadas em identidades flats
fltdsgn.com – Lista com alguns sites todos feitos em flat design
Guideline (“Regras”) de design para os logos e ilustrações do Google – Parte 1 Parte 2
por Caio Macedo
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