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AdvertisingCases

Publicidade em causas sociais

Por questões econômicas muitas pessoas desinformadas e sem muito conhecimento do meio, acham que publicidade é simplesmente um meio de divulgação de um produto/serviço de uma grande empresa. Não é totalmente errôneo pensar sobre isso, já que se um sujeito qualquer ligar sua televisão, facilmente encontrará anúncios de bancos, refrigerantes, cervejas, roupas, etc.  Porém, existe este tipo de propaganda que não é tão comum no nosso dia a dia, mas, quando são percebidas, vistas e entendidas, possuem efeitos surpreendentes. Neste post o Vitamina falará sobre as publicidades de causas sociais, especificamente de três peças que fizeram sucesso no Festival de Cannes.

A primeira delas, e mais antiga, é assinada pela LOWE África do Sul para a POWA, uma ONG destinada a combater os abusos contra as mulheres. Neste anúncio há uma imagem de uma mulher com as pernas abertas. Entretanto, ao tentar separar as páginas, o leitor sente que as páginas estão coladas. Finalmente, ao abrir, descobre a mensagem “If you have to force, it’s rape” (Se você precisa fazer força, é estupro).  Esta ONG é uma das pioneiras no combate à violência feminina na África do Sul, um dois países com as taxas de estupros mais altas no mundo –  cerca de 500 mil por ano. A peça foi premiada com o leão de prata em 2003.

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No início do ano este anúncio de revista foi amplamente divulgado e compartilhado nas redes sociais, principalmente após a divulgação do polêmico estudo do IMPE sobre estupros no Brasil, em que os dados estavam errados.

A segunda propaganda é da ONG Liga Contra El Cáncer, da Colômbia. Para a ação, que foi feita pela Leo Burnett Bogotá, foram criadas 7 contas no twitter para os tipos mais letais de câncer. Essas contas seguiam os mais variados tipos de pessoas, de famosos a anônimos e até chefes de estados, como o ex-presidente Lula e o Obama. Após silenciosamente “infectar” seus alvos, os cânceres começavam a postar alguns sintomas em seus hospedeiros. Se a pessoa respondesse ao post, a ONG mandaria uma mensagem explicando que não se deve ignorar o câncer.  Caso a pessoa não respondesse, os “sintomas” evoluiriam até a ONG mandar uma mensagem ao usuário dizendo que a doença já estava em estágio terminal.

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Assim como na vida real, 99% dos atingidos só detectaram o “câncer” em seu estado crítico. Essa campanha gerou ainda números impressionantes: mais de 20 milhões de potenciais contas impactadas no Twiter, o numero de seguidores da Liga Contra El Cáncer aumentou 900%, ficou entre os trend topics na Colômbia, além de mídias de diversos países e milhares RTs de famosos. Merecidamente, ganhou Grand Prix  for Good no 1º Lions Health, evento afiliado ao Cannes Lions.

Por fim, uma das ações com maior buzz no festival e conquistou o mundo. Intitulada de “Sweetie”, a campanha da LEMZ Amsterdã para a ONG Terre des Hommes, coloca uma criança virtual para combater crimes de pedofilia e exploração infantil. “Sweetie” é uma garota filipina de 10 anos que é completamente criada em 3D. Seus programadores entram em chats onlines a procura de suspeitos. A cada passo que os infratores dão, a equipe, sediada na Holanda, programa os movimentos de Sweetie. Assim que os suspeitos caem na armadilha, a ONG imediatamente procura seus nomes, endereços, celulares. Tudo apenas usando a internet e buscadores.

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Vencedor do Grand Prix for Good no Cannes Lions além de 12 Leões de Ouro, a ação, após 2 meses  conseguiu identificar mil suspeitos, o que levou a ONG acionar a Interpol, exibindo um dossiê com todos os criminosos. Segundo o diretor executivo da ONG, Albert Jaap van Santbrink, “mais importante que as premiações é a mensagem de Sweetie: o Turismo Sexual Infantil na Internet pode e deve ser parado”. Nos dados da ONG, estima-se 1 bilhão de pessoas foram atingidas pela campanha, que foi a mais proativa em deter esse tipo de crime, superando organizações governamentais e polícias.

Como visto, a publicidade pode ser  utilizada para conscientizar uma população assolada pelo estupro, alertar sobre os perigos de desprezar a doença com a maior causa de mortes no mundo e até a colocar nas grades verdadeiros que abusam de crianças. Muito mais que uma simples venda de um produto, a publicidade informa, educa, orienta, conversa, faz rir e faz chorar. É isso o que a torna encantadora.

Por Bernardo Muniz