A terra de Marlboro ainda existe. E mantém a forma caricata, porém com menos estilo cowboy. Em um sutíl movimento, pode-se dizer que dos pinos da moda, fumar voltou a estar em alta. Coincidentemente, e ao mesmo tempo,a Lei Anti-Fumo elaborada em 2011(!) entrou em vigor.
Até 3 de dezembro de 2014 não havia lei nacional que regulamentasse venda, consumo e punição para o fumo. Porém cada estado possuia legislação própria para o hábito. Aqui no Rio de Janeiro a lei valia para 15% da população (IBGE, 2009). Há 9 anos os cariocas não vê sequer uma propaganda na TV.
Eis a verdade: Cigarro não precisa de propaganda tradicional.
Ele usa o boca-a-boca. Ou o olho-a-olho. Ou talvez o olho-a-boca.
Na nova lei, a única mídia disponível para anúncio, e que já está no ponto de venda, só fornece para as empresas 80% de espaço para divulgação, os outros 20% ficam para informar que você terá câncer.
E olha só! Esses 20%, segundo Martin Lindstrom em “A Lógica do Consumo”(2008), são estimuladores para o consumo! O autor afirma que independente de estar falando para consumir ou não o cigarro, o seu cérebro compreende apenas a palavra ‘cigarro’.
Eu – câncer – Cigarro => Eu – Cigarro
Não arriscaria afirmar que as tarjas assustadoras nas embalagens e PDVs são diretamente responsáveis pelo retorno do tabaco. Ao observar ao redor, percebe-se que ditadores de opinião e de moda fumam, personagens fumam e, é claro, amigos fumam. As companhias de tabaco não investem nenhum valor em propaganda e têm um retorno altíssimo.
Em uma guinada intensa e, talvez pudesse dizer espontânea, o tabaco se restabeleceu e domina as suas mídias sociais com vídeos de manobras e bolinhas de fumaça. Uma edição bem feita com uma boa música e: “Uau, eu quero ser este cara”.
Quero mesmo? Talvez não, mas em 10 minutos receberei uma enxurrada de mídia espontânea dos mais variados produtos e algum é/será do meu interesse. Algumas mídias já passam despercebidas pelos nossos sentidos, outras, não. Ih, olha o Alex Turner com um cigarro na mão.
Por Thiago Machado